Entre a Terra e o Céu

039 – Ponderações

“Decorrido um mês sobre os esponsais de Silva, certa noite, por solicitação de Odila, fomos em busca de Zulmira e Antonina para uma reunião íntima, no Lar da Bênção.



(...)



Clara afagou-a, de leve, e explicou, maternalmente:



_ Filhas, em nossa romagem na vida, atravessamos épocas de sementeira e fases de colheita. Na missão da mulher, até agora, vocês receberam do tempo os choques e os enigmas plantados a distância. Com a humildade e a fé, com o bom ânimo e o valor moral, venceram árduos conflitos que lhes fustigavam as melhores aspirações. Foram dias obscuros do pretérito refletidos no presente, contudo, agora, asserenou-lhes a estrada. A paciência a que se devotaram evitou a formação de nuvens da revolta e o céu se fez, de novo, claro e alentador. É como se o dia renascesse, resplendente de luz. O campo da existência exige mais trabalho e o tempo de semear ressurge alvissareiro.



(...)



_ Agora, que a oportunidade favorece a renovação, é preciso saber reconstruir o destino. Não olvidemos. A vida reduz-se a triste montão de trevas, quando não se faz plena de trabalho. Fujamos à velha feira da lamentação onde a inércia vende os seus frutos amargosos! Para levantar, porém, a escada de nossa ascensão, é imprescindível banhar o espírito, cada dia, na fonte viva do amor, do amor que recompensa a si mesmo com a alegria de dar! O Pai Celeste é onipresente, através do amor de que satura o Universo. O sentimento divino é a corrente invisível em que se equilibram os mundos e os seres. Do Trono Excelso nasce o eterno manancial que sustenta o anjo na altura e alimenta o verme no abismo. A mulher é uma taça em que o Todo – Sábio deita a água milagrosa do amor com mais intensidade, para que a vida se engrandeça. Irmãs, sejamos fiéis ao mandato recebido. Em muitas ocasiões, quando nos prendemos à lama do egoísmo ou ao visco do ódio, poluímos o líquido sagrado, transformando-o em veneno destruidor. Guardemos cautela. O preço da verdadeira paz reside no sacrifício de nossas existências. Não há sublimação sem renúncia no castelo da alma, como não há purificação no cadinho, sem o concurso do fogo que acrisola os metais!...



(...)



_ Filha, nossa Zulmira compreende hoje, sem necessidade de maior incursão no passado, o santo dever de asilar o pequeno Júlio no santuário materno...



Percebemos que a instrutora, registrando o imperativo do descanso mental para a segunda esposa do ferroviário, que vinha de terminar longas refregas na preservação da própria saúde, buscava poupar-lhe exercícios mnemônicos.



(...)



_ Nossa amiga (...) está consciente de que a maternidade a espera de novo, em tempo breve... e você?



(...)



_ Recorda-se das experiências antigas e permanece atenta às razões que lhe inspiraram o segundo matrimônio?



Ante a surpresa que se estampou no semblante da interpelada, a orientadora, num gesto que nos era conhecido, nas operações amgnéticas de Clarêncio, acariciou-lhe a fronte de leve, e repetiu:



_ Lembre-se! Lembre-se! ...



Bafejada pelo poder de Irmã Clara, em determinados centros de memória, Antonina fêz-se pálida e exclamou controlando a própria emoção:



_ Sim, sou eu a cantora! (...)



(...)



_ Não precisa dilatar reminiscências (...) Não nos achamos num gabinete de experimentos e sim numa reunião fraternal.



(...)



_ Basta que você se recorde.



Em seguida, repartindo a atenção entre as duas, prosseguiu:



_ Brevemente, vocês serão chamadas a novo esforço , no apostolado materno. Zulmira recolherá o nosso Júlio na concha do coração e você, Antonina, restituirá a Leonardo Pires, seu avô e associado de destino, o tesouro do corpo terrestre. NO santuário doméstico, as afeições transviadas se recompõem, a fim de que possamos demandar o futuro, ao clarão da felicidade. Filhos, ninguém avança sem saldar as próprias contas com o passado. Paguemos , desse modo, os débitos que nos aprisionam aos círculos inferiores da vida, aproveitando o tempo de dentenção no resgate, em maior aprimoramento de nós mesmas. Amemos, aperfeiçoando-nos! Identifiquemos no lar humano o caminho de nossa regeneração! A família consangüínea na Terra é o microcosmo de obrigações salvadoras em que nos habilitamos para o serviço à família maior que se constitui da Humanidade inteira. O parente necessitado de tolerância e carinho representa o ponto difícil que nos cabe vencer, valendo-se dele para melhorar-nos em humildade e compreensão. Um pai incompreensivo, um esposo áspero ou u, filho de condução inquietante, simbolizam linhas de luta benéfica, em que podemos exercitar a paciência, a doçura e o devotamento até ao sacrifício! ... Especialmente , no tocante aos filhos, não nos esqueçamos de que pertencem a Deus e à vida, acima de tudo!.. Na esfera carnal, a Providência Divina nos sela a memória, no favor do renascimento, envolvendo-nos com o sopro renovador de abençoada esperança! Por isso mesmo, não nos cabe olvidar que os filhos são sempre laços preciosos de existência, requisitando-nos equilíbrio e discernimento em todas as decisões... Para desobrigar-nos da grande tarefa que a maternidade nos impõe, é imprescindível entender-lhes o psiquismo diferente do nosso, a exigir, muitas vezes, um tipo de felicidade que não se harmoniza com o nosso modo de ser. Saibamos, assim, prepara-los, sem egoísmo, para o destino que lhes compete! O carinho escravizante assemelha-se a um mel envenenado, enredando-nos na sombra. Conservemos nosso espírito arejado pela justiça, para que a nossa afetividade seja uma bênção com a possibilidade de educar os que nos cercam, na escola do trabalho salutar...



(...)



_ Abnegada benfeitora, como agir para solucionar os problemas com segurança?



_ Vocês superaram dias alarmantes de crise espiritual (...) e conquistaram o ensejo de reestruturação do próprio destino. Agora, repitamos, é tempo de semear. Valorizemos a oportunidade de reaproximação. São vocês dois núcleos de força, suscetíveis de operar valiosas transformações nos grupos domésticos a que se ajustam. Façamos da amizade o entendimento fraterno que tudo compreende e tolera. A vizinhança e a convivência, no fundo, são dons que o Senhor nos concede a benefício de nosso próprio reajuste.



(...)



_ Não temam. A prece é o fio invisível de nossa comunhão com o Plano Divino e, à luz da oração, viveremos todos juntos. Em todas as dúvidas , prefiramos para nós a renunciação construtiva. Situar a responsabilidade de nosso lado é facilitar a solução dos problemas.



(...)



_ Não nos esqueçamos do privilégio de servir.



(...)



QUESTÕES INICIAIS PARA O ESTUDO:



O Capítulo de hoje é uma continuação do que conversamos semana passada, né?J) naquele a gente falava de casamentos felizes , neste continuando, vêm nos fazendo refletir na família, maternidade, filhos, nosso próprio trabalho em direção ao nosso aperfeiçoamento perante aqueles que conosco convivem... Daí vamos aprofundar um cadinho sobre essas questões?: ))



01) Irmã Clara comenta” Do Trono Excelso nasce o eterno manancial que sustenta o anjo na altura e alimenta o verme no abismo. A mulher é uma taça em que o Todo – Sábio deita a água milagrosa do amor com mais intensidade, para que a vida se engrandeça. Irmãs, sejamos fiéis ao mandato recebido.” . Como podemos entender a assertiva feita?



02) o que é exercícios mnemônicos?



03) Comentar as seguintes assertivas:



a) Filhas, em nossa romagem na vida, atravessamos épocas de sementeira e fases de colheita. Na missão da mulher, até agora, vocês receberam do tempo os choques e os enigmas plantados a distância. Com a humildade e a fé, com o bom ânimo e o valor moral, venceram árduos conflitos que lhes fustigavam as melhores aspirações. Foram dias obscuros do pretérito refletidos no presente, contudo, agora, asserenou-lhes a estrada. A paciência a que se devotaram evitou a formação de nuvens da revolta e o céu se fez, de novo, claro e alentador. É como se o dia renascesse, resplendente de luz. O campo da existência exige mais trabalho e o tempo de semear ressurge alvissareiro.



b) Brevemente, vocês serão chamadas a novo esforço , no apostolado materno. Zulmira recolherá o nosso Júlio na concha do coração e você, Antonina, restituirá a Leonardo Pires, seu avô e associado de destino, o tesouro do corpo terrestre. NO santuário doméstico, as afeições transviadas se recompõem, a fim de que possamos demandar o futuro, ao clarão da felicidade. Filhos, ninguém avança sem saldar as próprias contas com o passado. Paguemos , desse modo, os débitos que nos aprisionam aos círculos inferiores da vida, aproveitando o tempo de dentenção no resgate, em maior aprimoramento de nós mesmas. Amemos, aperfeiçoando-nos!



c) Identifiquemos no lar humano o caminho de nossa regeneração! A família consangüínea na Terra é o microcosmo de obrigações salvadoras em que nos habilitamos para o serviço à família maior que se constitui da Humanidade inteira.



d) Um pai incompreensivo, um esposo áspero ou u, filho de condução inquietante, simbolizam linhas de luta benéfica, em que podemos exercitar a paciência, a doçura e o devotamento até ao sacrifício! ...



e) Especialmente , no tocante aos filhos, não nos esqueçamos de que pertencem a Deus e à vida, acima de tudo!.. Na esfera carnal, a Providência Divina nos sela a memória, no favor do renascimento, envolvendo-nos com o sopro renovador de abençoada esperança! Por isso mesmo, não nos cabe olvidar que os filhos são sempre laços preciosos de existência, requisitando-nos equilíbrio e discernimento em todas as decisões... Para desobrigar-nos da grande tarefa que a maternidade nos impõe, é imprescindível entender-lhes o psiquismo diferente do nosso, a exigir, muitas vezes, um tipo de felicidade que não se harmoniza com o nosso modo de ser. Saibamos, assim, prepara-los, sem egoísmo, para o destino que lhes compete! O carinho escravizante assemelha-se a um mel envenenado, enredando-nos na sombra. Conservemos nosso espírito arejado pela justiça, para que a nossa afetividade seja uma bênção com a possibilidade de educar os que nos cercam, na escola do trabalho salutar...





f) A prece é o fio invisível de nossa comunhão com o Plano Divino e, à luz da oração, viveremos todos juntos. Em todas as dúvidas , prefiramos para nós a renunciação construtiva. Situar a responsabilidade de nosso lado é facilitar a solução dos problemas.



04) O que é e como vivenciar a família à luz do ensinamento espírita?

Conclusão

QUESTÕES PROPOSTAS PARA ESTUDO


1) Irmã Clara comenta: ”Do Trono Excelso nasce o eterno manancial que sustenta o anjo na altura e alimenta o verme
no abismo. A mulher é uma taça em que o Todo-Sábio deita a água milagrosa do amor com mais intensidade, para
que a vida se engrandeça. Irmãs, sejamos fiéis ao mandato recebido.” Como podemos entender a assertiva feita?

Ao abordar a "Lei de Igualdade", no capítulo IX, da parte 3ª, do Livro dos Espíritos, Kardec explica que Deus apropriou
a organização física do homem e da mulher às funções que lhes cumpre desempenhar. "Ao homem, por ser mais forte,
os trabalhos rudes; à mulher, os trabalhos leves; a ambos o dever de se ajudarem mutuamente a suportar as provas de
uma vida cheia de amargor", respondem os Espíritos na questão 819. Em sua sabedoria infinita, portanto, a Natureza
se encarregou de definir a participação de cada um na obra do Criador, dotando o espírito de um corpo físico adequado
às tarefas que lhe cabe naquela experiência física.

Mais adiante, no capítulo que trata da Lei de Amor, os Espíritos ensinam que a Natureza "deu à mãe o amor a seus
filhos no interesse da conservação deles" (questão 890). Temos aí estabelecida uma das atribuições mais importantes
delegada por Deus à mulher: o exercício da maternidade. É para essa atribuição, que se constitui numa verdadeira
missão, ainda segundo os Espíritos, que Irmã Clara chama a atenção de Zulmira e Antonina. Foram elas levadas ao encontro da benfeitora com o objetivo de serem conscientizadas da tarefa de trazer à vida física, como mães, dois
espíritos com quem se enlaçaram no passado e que precisavam retomar o caminho evolutivo no mundo material.

A benfeitora espiritual qualifica a missão materna como um mandato recebido, ressaltando a importância de se exercê-
-lo com fidelidade.


2) O que são exercícios mnemônicos?

São exercícios visando estimular a memória para a lembrança, não apenas de fatos da vida física presente, mas,
também, e, no caso, principalmente, das ocorrências de vivências passadas, que ensejaram os acontecimentos
relatados por André Luiz na presente obra. Como relata o Autor, a benfeitora operou magneticamente na fronte de
Antonina, a ela levada em espírito, durante o desmembramento pelo sono físico, fazendo com que surgissem em sua
mente os quadros reveladores do passado.


3) Comentar as seguintes assertivas:

a) "Filhas, em nossa romagem na vida, atravessamos épocas de sementeira e fases de colheita. Na missão da mulher,
até agora, vocês receberam do tempo os choques e os enigmas plantados à distância. Com a humildade e a fé, com o
bom ânimo e o valor moral, venceram árduos conflitos que lhes fustigavam as melhores aspirações. Foram dias obscuros
do pretérito refletidos no presente, contudo, agora, asserenou-lhes a estrada. A paciência a que se devotaram evitou a
formação de nuvens da revolta e o céu se fez, de novo, claro e alentador. É como se o dia renascesse, resplendente de
luz. O campo da existência exige mais trabalho e o tempo de semear ressurge alvissareiro."

Tanto Zulmira como Antonina vivenciaram na existência física atual as conseqüências de suas vidas pretéritas,
quando se envolveram nos episódios narrados em estudos anteriores, contraindo, ambas, débitos perante as Leis
Naturais. Em decorrência desses erros, tiveram que suportar duras expiações, como enfermidades físicas,
abandono conjugal, perda de filhos, etc. Tudo num processo de reajuste para com a Lei violentada. Foram as fases
de sementeira e de colheita, a que se refere Irmã Clara.

Vencidas estas etapas com humildade, fé, bom ânimo e valor moral, como disse a benfeitora, libertaram-se das
algemas a que se aprisionaram no passado, fazendo com que um novo horizonte surgisse em suas vidas. A
esperança voltou a se fazer presente. Era, de novo, tempo de semear. E para que, desta feita, a semeadura fosse boa, proporcionando-lhes, futuramente, um colheita melhor que a havida nessa existência, Irmã Clara ministrou-lhes
essa lição, que receberão em forma de intuição ao despertarem em seus organismos físicos.


b) "Brevemente, vocês serão chamadas a novo esforço , no apostolado materno. Zulmira recolherá o nosso Júlio na
concha do coração e você, Antonina, restituirá a Leonardo Pires, seu avô e associado de destino, o tesouro do corpo
terrestre. No santuário doméstico, as afeições transviadas se recompõem, a fim de que possamos demandar o futuro,
ao clarão da felicidade. Filhos, ninguém avança sem saldar as próprias contas com o passado. Paguemos , desse modo.
os débitos que nos aprisionam aos círculos inferiores da vida, aproveitando o tempo de dentenção no resgate, em maior
aprimoramento de nós mesmas. Amemos, aperfeiçoando-nos!"

Ninguém evolui deixando para trás os amargos compromissos assumidos ao violar a Lei Maior. O que se danifica
na carne, na carne se deve reparar, ensinou-nos Clarêncio em capítulo anterior. Zulmira e Antononia causaram dor
e sofrimento a Júlio e Leonardo Pires em passagens pretéritas. Eram deles devedoras e, portanto, ao oferecer-lhes
a maternidade, estariam reparando o erro do passado. A expiação é uma etapa dos resgates impostas pela lei de
causa e efeito. Mas somente através da reparação ao prejudicado podemos nos liberar desse compromisso e nos
reequilibrar com a Lei.


c) "Identifiquemos no lar humano o caminho de nossa regeneração! A família consangüínea na Terra é o microcosmo
de obrigações salvadoras em que nos habilitamos para o serviço à família maior que se constitui da Humanidade inteira."

A família terrena, além de nos propiciar o resgate perante aqueles a quem prejudicamos, serve também como um
educandário que nos ensinará a conviver com a grande família universal, esta, sim, a verdadeira família. Funciona
como um laboratório, onde vamos ajustar nossos sentimentos e aprender a amar, para que possamos amar
também a todos que constituem a família universal, isto é, toda a humanidade.

Jesus nos legou esse ensinamento, como relata a passagem evangélica narrada por Mateus:

" Enquanto ele ainda falava às multidões, estavam do lado de fora sua mãe e seus irmãos,
procurando falar-lhe.
Disse-lhe alguém: Eis que estão ali fora tua mãe e teus irmãos, e procuram falar contigo.
Ele, porém, respondeu ao que lhe falava: Quem é minha mãe? e quem são meus irmãos?
E, estendendo a mão para os seus discípulos disse: Eis aqui minha mãe e meus irmãos.
Pois qualquer que fizer a vontade de meu Pai que está nos céus, esse é meu irmão, irmã
e mãe." (Mt 12.46-50)


d) "Um pai incompreensivo, um esposo áspero ou um filho de condução inquietante, simbolizam linhas de luta benéfica,
em que podemos exercitar a paciência, a doçura e o devotamento até ao sacrifício! ...."

São as experiências necessárias à convivência com a grande família universal que a família terrena nos lega. Como
dissemos, a família consangüínea funciona como uma escola onde vamos exercitar o amor sem o qual não
poderemos ingressar no reino de felicadade para o qual fomos criados. Os exemplos citados fazem parte do nosso
cotidiano familiar. Enquanto não tivermos conquistado os atributos mencionados pela benfeitora - paciência, doçura
devotamento até o sacrifício - convivendo com os que nos são objeto do amor paterno, conjugal ou filial, não
estaremos em condições de praticá-los para com o próximo.

Um pai incompreensivo, um esposo áspero ou um filho de condução inquietante são os mestres que necessitamos
para nos ensinarem a prática da paciência, da doçura e do devotamento até o sacrifício.


e) "Especialmente , no tocante aos filhos, não nos esqueçamos de que pertencem a Deus e à vida, acima de tudo!
Na esfera carnal, a Providência Divina nos sela a memória, no favor do renascimento, envolvendo-nos com o sopro
renovador de abençoada esperança! Por isso mesmo, não nos cabe olvidar que os filhos são sempre laços preciosos
de existência, requisitando-nos equilíbrio e discernimento em todas as decisões... Para desobrigar-nos da grande
tarefa que a maternidade nos impõe, é imprescindível entender-lhes o psiquismo diferente do nosso, a exigir, muitas
vezes, um tipo de felicidade que não se harmoniza com o nosso modo de ser. Saibamos, assim, prepara-los, sem
egoísmo, para o destino que lhes compete! O carinho escravizante assemelha-se a um mel envenenado, enredando-
-nos na sombra. Conservemos nosso espírito arejado pela justiça, para que a nossa afetividade seja uma bênção
com a possibilidade de educar os que nos cercam, na escola do trabalho salutar..."

Nessa questão, a benfeitora toca num dos pontos mais sensíveis da humanidade e no qual encontramos as maiores
dificuldades para dele nos desembaraçarmos: é a questão do desapego. No nível de evolução em que nos situamos,
o apego não só às coisas materiais mas, igualmente, aos entes que nos são caros, ainda se faz fortemente presente
em nossas personalidades. Ainda oferecemos resistência para nos desapegarmos dos bens terrenos e das pessoas
a quem amamos.

Na passagem acima, a benfeitora preleciona a Zulmira e a Antonina sobre a necessidade do desapego. Falando
especificamente sobre o apego aos filhos, que todos ainda trazemos fortemente em nosso íntimo, mostra o grave
equívoco que ele se constitui e o mal que pode causar a quem assim procede e ao objeto desse sentimento. Nossos
filhos não SÃO nossos filhos: ESTÃO nossos filhos. Como vimos acima, Irmã Clara ensinou que a maternidade é um
mandato, cujo mandante é DEUS. Somos todos seus mandatários.

Devemos, portanto, a nossos filhos, a dedicação e o carinho com que todo mandatário deve se desincumbir de sua
missão, dando a nossa contribuição para transformá-los em homens de bem. Mas sem escravizá-los por meio
desses sentimentos. É preciso aprendermos a ver em nossos filhos um irmão que tem um psiquismo próprio, que já
está caminhando há muito tempo, certamente ao nosso lado. Já erramos e acertamos juntos, muitas vezes. E
estamos novamente reunidos pelas bênçãos da reencarnação para progredirmos, lado a lado, com um relacionamento
embasado no amor. Porém, sem sentimento de posse, sem apego.


f) "A prece é o fio invisível de nossa comunhão com o Plano Divino e, à luz da oração, viveremos todos juntos. Em
todas as dúvidas , prefiramos para nós a renunciação construtiva. Situar a responsabilidade de nosso lado é facilitar
a solução dos problemas."

A prece é um dos modos de nos comunicarmos com o plano espiritual superior, para pedir, agradecer e louvar: O
Espiritismo demonstra que a prece não é uma crença, uma superstição. Demonstra-nos, cientificamente, os seus
efeitos. Não derroga nenhuma das leis divinas. Mas pode acioná-­las em nosso favor. Ao orar, o nosso pensamento
ganha o fluido cósmico universal em que vivemos mergulhados e, através dele, chega à Espiritualidade Superior.
Quando obtemos resultado favorável, é porque pedimos algo possível e que merecemos. A nossa prece acionou as
leis e as forças que impulsionaram o atendimento.

É, pois, um remédio poderoso que Deus coloca à nossa disposição, mas que é preciso estarmos receptivos para
que seus efeitos se produzam. Por isso, Irmã Clara a situou vinculada à responsabilidade. Para que estejamos
receptivos ao atendimento daquilo que precisamos, é indispensável estamos em consonância com a Lei Maior. Na
dúvida, recomenda a benfeitora, prefiramos a renunciação construtiva. Ou seja, quesaibamos renunciar em favor do
nosso próximo.


4) O que é e como vivenciar a família à luz do ensinamento espírita?

" O lar é o sagrado vórtice onde o homem e a mulher se encontram
para o entendimento indispensável." (André Luiz, in "Nosso Lar")

A formação da família começa a ser projetada, sob a supervisão dos dirigentes espirituais a quem compete essa
tarefa, quando os espíritos que a comporão ainda se encontram no plano espiritual, preparando-se para a
reencarnação, .

Assim, são reunidos no mesmo ambiente familiar devedores em resgate de antigos compromissos, desafetos do
passado, companheiros de erros praticados em experiências pretéritas, espíritos ligados por laços afetivos, enfim,
alguma vinculação sempre há que motive a formação do grupo familiar para o trabalho de socorro mútuo. No
decorrer da jornada terrena, esses espíritos vão vivenciar situações que motivaram o planejamento levado a efeito,
destinadas à harmonização e resgate entre eles. São as provas e as expiações para as quais a vida nos é dada.
.
Todas essas experiências são oportunidades de honrar os compromissos assumidos junto àqueles com quem,
por um ou outro motivo, temos afinidade. Como são necessários para o nosso crescimento espiritual, essas
situações vão nos fazer defrontar com alegrias, lutas, dores, desavenças, ingratidão, amizade e amor. São
circunstâncias todas necessárias ao nosso aprimoramento.

O lar é o lugar onde se dá esse reencontro de espíritos simpáticos ou antipáticos, que estão reiniciando a luta,
unidos pelos laços da afeição ou da necessidade de reparação. É dever dos pais acolher bem os espíritos que
estão retornando ao seu convívio, auxiliando-os a vencerem suas provas e a superarem seus problemas,
contribuindo para superar diferenças e modificar suas tendências negativas.

A reencarnação, portanto, é o mecanismo divino para propiciar esse reencontro de almas no seio de uma
mesma família. Espíritos com problemas afetivos, desafetos do passado, reencontram-se como cônjuges, filhos,
pais ou irmãos. A reencarnação propicia a oportunidade da transformação moral desses espíritos, permitindo-lhes
se libertarem das algemas do ódio e do ressentimento, aprendendo a perdoar e a amar.

Dessa forma, a família é o instrumento de que Deus se utiliza como o principal mecanismo de educação para
todos nós, espíritos imortais ainda carregando inúmeros vícios e imperfeições, presos uns aos outros pelas
malhas de um passado em que nos comprometemos mutuamente.