O Mundo Maior

007 – Processo redentor

Trechos do Capítulo em Estudo:

"(...)
_ Nosso esforço - continuou o prestimoso amigo - tem por especial escopo
impedir a consumação dos processos tendentes à loucura. A rede de amparo
espiritual, neste sentido, é quase infinita. A positiva declaração de
desarmonia mental constitui sempre o término de longa luta. Claro está que
não incluimos aqui os casos puramente fisiológicos, mormente em se tratando
da invasão da sífilis na matéria cerebral; reportamo-nos aos dramas íntimos
da personalidade prisioneira da introversão, do desequilíbrio, dos fenômenos
de involução, das tragédias passionais, episódios esses que deflagram no
mundo, aos milhares por semana. Nas esferas imediatas à luta do homem
vulgar, onde nos achamos presentemente, são inúmeras as organizações
socorristas dessa natureza. É imprescindível amparar a mente humana na
Crosta Planetária, em seus deslocamentos naturais. A vasta escola terrestre
exige incessante e complexa colaboração espiritual.Indubitavelmente a
Sabedoria Divina não se descuidou da programação prévia de serviço, neste
particular. Se encarregou a Ciência de superintender o desdobramento
harmonioso dos fenômenos pertinentes à zona física, se incumbiu a filosofia
de acompanhar essa mesma ciência, enriquecendo-lhe os valores intelectuais,
confiou à religião a tarefa de velar pelo desenvolvimento da alma,
propiciando-lhe abençoadas luzes para a jornada de ascensão(...)
(...)
_ Como se opera, entretanto, a administração de tais auxílios?
Indiscriminadamente?
_ Não - explicou o interpelado -, o senso de ordem preside-nos à atividade
em todas as circunstâncias. Quase sempre é a força intercessória que
determina os processos de ajuda. A prece, representada pelo desejo não
manifestado, pelas aspirações íntimas ou pelas petições declaradas,
proveniente da zona superior ou surgida do fundo vale, onde se agitam as
paixões
humanas, é, a rigor, o ascendente de nossas atividades.
(...)
_ Não aludimos, aqui, a orações ou a aspirações de correntes idealísticas
determinadas: o dístico não interessa. Colaboramos com o espírito eterno em
sua ascensão à zona divina, aduzindo novas forças ao bem, onde ele se
encontre, independentemente de fórmulas dogmáticas, ou não, com que ele se
manifeste nos círculos humanos. Nosso problema não é de favoritismo, senão
de espiritualidade superior, mercê da união dos valores substanciais, em
favor da vida melhor.
(...)
Em rápidos minutos achavamo-nos em pequena câmara, onde magro doentinho
repousava, choramingando (...)
_ É paralítico de nascença, primogênito de um casal aparentemente feliz, e
conta oito anos na existência nova (...) não fala, não anda, não chega a
sentar-se, vê muito mal, quase nada ouve da esfera humana; psiquicamente,
porém, tem uma vida de um sentenciado sensível, a cumprir severa pena,
lavrada, em verdade, por ele próprio.(...)
(...)
Com o respeito devido à dor e com a observação imposta pela Ciência,
verifiquei que o pequeno paralítico mais se assemelhava a um descendente de
símios aperfeiçoados.
_ Sim, o espírito não retrocede em hipótese alguma - explicou Calderaro -;
todavia as formas de manifestação podem sofrer degenerescência, de modo a
facilitar os processos regenerativos. Todo mal e todo bem praticados na vida
impõem modificações em nosso quadro representativo.(...) Os pensamentos de
revolta e de vingança, emitidos por todos aqueles aos quais deliberademente
ofendeu, vergastaram-lhe o corpo perispiritual por mais de cem anos
consecutivos, como choques de desintegração da personalidade, e o infeliz,
distante do acesso à zona mais alta do ser, onde situamos o "castelo das
noções superiores", em vão se debateu no "campo do esforço presente", isto
é, à altura da região em que localizamos as energias motoras; é que os
adversários implacáveis, apegando-se a ele, através da influência direta,
compeliram-lhe a mente a fixar-se nos impulsos automáticos, no império dos
instintos; (...)
(...)
_ Também os míseros perseguidores são duendes do ódio e da vingança, como o
nosso enfermo é um remanescente do crime.(...) aproximam-se, porém, do porto
socorrista. Voltarão ao Sol da existência terrestre, por intermédio de um
coração de mulher que compreendeu com Jesus o valor do sacrifício. Em breve
, André, consoante o programa redentor já delineado, ingressarão neste mesmo
lar na qualidade de irmãos do antigo adversário. E quando entrelaçarem as
mãos sobre ele, consumindo energias por ajudá-lo, assistidos pela ternura de
abnegada mãe, amorosa e justa, beijarão o velho inimigo com imenso afeto.
Transmudar-se-ão as negras algemas do ódio em alvinitentes liames de luz,
nos quais refulgirá o amor eterno.(...)
(...)
Extrema aplidez e enorme angústia transpareceram no semblante do paraítico.
Notei que a infeliz entidade emitia, através das mãos, estrias negras de
substância semelhante ao piche, as quais atingiam o encéfalo do pequenino,
acentuando-lhe as impressões de pavor.
(...)
_ Se o amor emite raios de luz, o ódio arremessa estiletes de treva. Nos
lobos frontais recebemos os "estímulos do futuro", no córtex abrigamos as
"sugestões do presente", e no sistema nervoso, propriamente dito, arquivamos
as "lembranças do passado". Nosso pobre amigo está sendo bonbardeado por
energias destrutivas do ódio na região de "serviços presentes", isto é, em
suas capacidades de crescimento, de realização e de trabalho nos dias que
correm. Tal situação derivante da culpa, compele-o a descer mentalmente para
a zona de "reminiscências do passado", onde o seu comportamento é inferior,
raiando pela semi-inconsciência dos estados evolucionários primitivos.
Esmagadora maioria dos fenômenos de alienação psiquíca procedem da mente
desequilibrada. Repara o cosmo orgânico.
(...)
_ Examina a conduta do enfermo. Fixando a mente na extrema "região dos
impulsos automáticos", seu padrão de comportamento é efetivamente
sub-humano. Volta a viver estados primários, dos quais a individualidade já
emergiu há muitos séculos. Em outros casos menos graves, a medicina atual
vem utilizando a terapeutica do choque, à maneira do experimentador que
investiga nas sombras examinando efeitos e ignorando causas. Cumpre-nos, no
entanto, reconhecer que o belo esforço da psiquiatria moderna merece o maior
carinho de nossas autoridades espirituais, que patrocinam os médicos
diligentes e devotados, orientando-os para o bem comum, simultaneamente em
diversos centros culturais, por enquanto, não podem acietar a verdade como
seria de desejar, em virtude da necessidade de guardar-se a medicina terrena
em campo conservador, menos aberto aos aventureiros; todavia, mais tarde os
sacerdotes da saúde humana compreenderão que o choque elétrico, ou a
hipoglicemia, provocada pela invasão da insulina, constituem apelos vivos
aos centros do organismo perispirítico, convocando-os ao reajustamento e
compelindo os neurônios a se readaptarem para o serviço da mente em processo
regenerador.(...) é quem, desde remota antiguidade, compreendeu o homem,
intuitivamente, que a maioria dos casos de alienação mental decorrem da
ausência voluntária ou involuntária da alma à realidade. E, em nosso campo
de observação mais clara, podemos adir que todo desequilíbrio promana do
afastamento da Lei.
(...)
_ Nossos companheiros da medicina humana batizam as moléstias mentais como
lhes apraz, detendo-se nas questões da periferia, por distraídos dos
problemas fundamentais do espírito. Relativamente aos assuntos científicos,
conversaremos amanhã, quando prestaremos assistência a jovem amigo.
(...)
Logo após, a genitora entrou a orar, banhada em lágrimas, afigurando-se-me
um cisne da região espiritual a desferir maravilhoso cântico.
(...)
_ Aqui, porém, não falaremos a corações que odeiam, e sim a torturado
espírito materno, que reclama estímulo fraternal. O conhecimento e a boa
vontade podem fazer muito.
(...)
_ Ao demais, é necessário diplomar-nos também na ciência do amor. Para isso,
comecemos a ser irmãos uns dos outros, com sinceridade e fiel disposição de
servir.
(...)
_ Examinando essa criança sofredora como enigma sem solução, alguns médicos
insensatos da Terra se lembrarão talvez da "morte suave"; ignoram que, entre
as paredes deste lar modesto, o Médico Divino, utilizando um corpo incurável
e o amor, até o sacrifício, de um coração materno, restitui o equilíbrio a
espíritos eternos, a fim de que sobre as ruínas do passado possam irmanar-se
para gloriosos destinos."

Questões iniciais para nosso estudo:

1) Como podemos entender as doenças mentais?
2) Há diferenças entre a doença mental física e a doença mental do espírito?
Quais seriam? Por que?
3) Quando Calderaro afirma que "A rede de amparo espiritual, neste sentido,
é quase infinita." podemos entender que apenas quanto aos casos de
desequilíbrio mental o amparo espiritual se dá de forma infinita? Por que?
4) AL afirma que o pequenino se parecia com um símio, e Calderaro explica
que as formas de manifestação podem se degenerar. Por onde e como se
processa a forma de manifestação?
5) Qual uma das finalidades da reencarnação e dos laços de família?
6) Como podemos entender ou como compreendemos as seguintes assertivas e de
que forma podemos alia-las em nosso dia a dia:
6.a) A vasta escola terrestre exige incessante e complexa colaboração
espiritual
6.b) Indubitavelmente a Sabedoria Divina não se descuidou da programação
prévia de serviço, neste particular. Se encarregou a Ciência de
superintender o desdobramento harmonioso dos fenômenos pertinentes à zona
física, se incumbiu a filosofia de acompanhar essa mesma ciência,
enriquecendo-lhe os valores intelectuais, confiou à religião a tarefa de
velar pelo desenvolvimento da alma, propiciando-lhe abençoadas luzes para a
jornada de ascensão
6.c) Não - explicou o interpelado -, o senso de ordem preside-nos à
atividade em todas as circunstâncias
6.d) Não aludimos, aqui, a orações ou a aspirações de correntes
idealísticas determinadas: o dístico não interessa. Colaboramos com o
espírito eterno em sua ascensão à zona divina, aduzindo novas forças ao bem,
onde ele se encontre, independentemente de fórmulas dogmáticas, ou não, com
que ele se manifeste nos círculos humanos. Nosso problema não é de
favoritismo, senão de espiritualidade superior, mercê da união dos valores
substanciais, em favor da vida melhor.
6.e) Se o amor emite raios de luz, o ódio arremessa estiletes de treva. Nos
lobos frontais recebemos os "estímulos do futuro", no córtex abrigamos as
"sugestões do presente", e no sistema nervoso, propriamente dito, arquivamos
as "lembranças do passado". Nosso pobre amigo está sendo bonbardeado por
energias destrutivas do ódio na região de "serviços presentes", isto é, em
suas capacidades de crescimento, de realização e de trabalho nos dias que
correm. Tal situação derivante da culpa, compele-o a descer mentalmente para
a zona de "reminiscências do passado", onde o seu comportamento é inferior,
raiando pela semi-inconsciência dos estados evolucionários primitivos.
6.f) Examinando essa criança sofredora como enigma sem solução, alguns médicos
insensatos da Terra se lembrarão talvez da "morte suave"; ignoram que, entre
as paredes deste lar modesto, o Médico Divino, utilizando um corpo incurável
e o amor, até o sacrifício, de um coração materno, restitui o equilíbrio a
espíritos eternos, a fim de que sobre as ruínas do passado possam irmanar-se
para gloriosos destinos."

Conclusão

Doenças mentais. Lei de ação e reação. Progressão dos espíritos. Reencarnação. Obsessão. Formação da Família. Intercessão espiritual. Esses são os assuntos estudados
nesse capítulo rico em ensinamentos dessa importante obra de André Luiz.

O Autor espiritual nos narra o trabalho intercessório junto a família onde se encontra
reencarnado um espírito que passa por uma duríssima expiação, conseqüente de graves
transgressões às Leis Naturais praticadas no passado.

Durante a realização do serviço de assistência espiritual, o Assistente Calderaro
revela importantes ensinamentos ao Autor, que nos são transmitidos nesse capítulo.


Questões para estudo e participação


1) Como podemos entender as doenças mentais?

Segundo as explicações do assistente Calderaro, excluindo os casos puramente
fisiológicos, podemos entender as doenças mentais como o ponto final de uma longa
luta travada pelo espírito contra os dramas íntimos da personalidade prisioneira da
introversão, o desequilíbrio, os fenômenos de involução e as tragédias passionais.
Todos esses fatores geram uma desarmonia espiritual que lesiona o perispírito e, em
conseqüência, é somatizada pelo organismo físico.


2) Há diferenças entre a doença mental física e a doença mental do espírito? Quais
seriam? Por que?

As doenças mentais de origem espiritual são as que ocorrem em hipóteses como
as acima mencionadas, em que o espírito se desarmoniza e transmite o mal causado
por essa desarmonia ao corpo físico, via corpo perispiritual. As que provêm do corpo
físico, são as originadas por fatores externos, como, no exemplo citado pelo
Assistente, a invasão da sífilis na matéria cerebral.



3) Quando Calderaro afirma que "A rede de amparo espiritual, neste sentido, é quase
infinita", podemos entender que apenas quanto aos casos de desequilíbrio mental o
amparo espiritual se dá de forma infinita? Por que?

O amparo espiritual, dependendo do merecimento de cada um, pode ser sempre
considerado infinito, na medida em que os Espíritos Superiores não medem esforços
para atenuarem nossos sofrimentos. Calderaro não quis, com essa afirmação, restringir
aos casos de desequilíbrio mental o caráter infinito dessa assistência espiritual, mas,
tão somente, ressaltar a importância do trabalho a ser realizado, como forma de
impedir a consumação do processo tendente à loucura.


4) André Luiz afirma que o pequenino se parecia com um símio, e Calderaro explica
que as formas de manifestação podem se degenerar. Por onde e como se processa a
forma de manifestação?


A forma de manifestação evolutiva do espírito se manifesta através de seu perispírito,
que guarda suas conquistas e seus desvios. Se é verdade que o espírito não retrocede
em sua evolução, também o é que suas formas de manifestação podem sofrer
degenerescências, com o fim de facilitar os processos regenerativos, recolocando-o
no caminho certo para retomada da sua marcha evolutiva. Todo mal e todo bem praticado repercutem no perispírito, tornando-o menos denso e mais apurado ou mais grosseiro,
conforme a natureza do ato praticado.
No caso em exame, o paciente de hoje, outrora, valeu-se da autoridade de que foi
investido para exterminar inúmeras vidas humanas, envenenando gravemente, com esse
procedimento, os centros ativos do corpo perispiritual. Sendo este o veículo das
manifestações físicas, com a degenerescência sofrida veio a plasmar o corpo enfermo
habitado pelo espírito nessa reencarnação, que lhe servirá de veículo regenerativo.


5) Qual uma das finalidades da reencarnação e dos laços de família?

Somente o processo reencarnatório pode proporcionar a espíritos desafetos a
oportunidade de se harmonizarem, através do amor que os laços de família propicia. No
caso narrado por André Luiz no presente capítulo, além de sua própria mãe, que a ele
se encontra vinculada há muitos séculos, o espírito expiante receberá, na mesma
família, duas das vítimas de suas ações no passado que ainda se prendiam a ele
pelos sentimentos de ódio e vingança. Unidos pelos sentimentos afetuosos de irmãos
do antigo algoz, o ódio se transformará em amor, que os ligará por toda a eternidade e
libertará o enfermo da prisão ao corpo degenerado a que teve de se submeter.


6) Como podemos entender ou como compreendemos as seguintes assertivas e de
que forma podemos aliá-las em nosso dia a dia:


6.a) "A vasta escola terrestre exige incessante e complexa colaboração espiritual."


Podemos entender como uma advertência daquele benfeitor para a necessidade da
permanente assistência espiritual aos que se encontram encarnados, face aos naturais
riscos de queda que a vida na carne proporciona. Devemos recebê-la como um sinal
de que é preciso estarmos sempre atentos e orarmos em busca da assistência dos
amigos espirituais. Como ensinou o Cristo: "Vigiai e orai, para não cairdes em tentação".
(Mateus, 26,22)

6.b) "Indubitavelmente, a Sabedoria Divina não se descuidou da programação prévia
de serviço, neste particular. Se encarregou a Ciência de superintender o desdobramento
harmonioso dos fenômenos pertinentes à zona física, se incumbiu a filosofia de
acompanhar essa mesma ciência, enriquecendo-lhe os valores intelectuais, confiou à
religião a tarefa de velar pelo desenvolvimento da alma, propiciando-lhe abençoadas
luzes para a jornada de ascensão."

Prosseguindo a explicação anterior, Calderaro ressalta que o plano espiritual cuida,
antecipadamente, da programação necessária a esse serviço. Destinou à Ciência, à
Filosofia e à Religião tarefas que, em conjunto, contribuirão para o êxito do trabalho.
Cabe a nós não descuidarmos de nenhum dos três aspectos apontados, pois todos
têm uma parcela de contribuição sem a qual não se obterá êxito.

6.c) "Não - explicou o interpelado -, o senso de ordem preside-nos à atividade em todas
as circunstâncias."

O serviço socorrista espiritual não é prestado indiscriminadamente, como supôs André
Luiz. Explicou o Assistente que o trabalho é prestado obedecendo determinadas normas,
destacando que, quase sempre, a intercessão é que determina os processos de ajuda.
Vivamos de modo a merecê-la, quando dela estivermos necessitados.


6.d) "Não aludimos, aqui, a orações ou a aspirações de correntes idealísticas
determinadas: o dístico não interessa. Colaboramos com o espírito eterno em sua ascensão
à zona divina, aduzindo novas forças ao bem, onde ele se encontre, independentemente de
fórmulas dogmáticas, ou não, com que ele se manifeste nos círculos humanos. Nosso
problema não é de favoritismo, senão de espiritualidade superior, mercê da união dos
valores substanciais, em favor da vida melhor".

É o que a Doutrina Espírita nos ensina de maneira enfática: religião não salva ninguém.
A nossa felicidade futura só depende de nós mesmos. O trabalho de socorro prestado
pelos benfeitores espirituais não faz distinção entre os diversos credos religiosos criados
pelos homens. O que vai fazer com que seja reconhecido ou não o merecimento a ele
são os valores espirituais que cada um amealhar durante a existência terrena.

6.e) "Se o amor emite raios de luz, o ódio arremessa estiletes de treva. Nos lobos frontais recebemos os "estímulos do futuro", no córtex abrigamos as "sugestões do presente", e
no sistema nervoso, propriamente dito, arquivamos as "lembranças do passado". Nosso
pobre amigo está sendo bombardeado por energias destrutivas do ódio na região de
"serviços presentes", isto é, em suas capacidades de crescimento, de realização e de
trabalho nos dias que correm. Tal situação derivante da culpa, compele-o a descer
mentalmente para a zona de "reminiscências do passado", onde o seu comportamento
é inferior, raiando pela semi-inconsciência dos estados evolucionários primitivos."

Como estudamos no capítulo III, o cérebro se divide em três partes, abrigando, em
cada uma delas, as experiências do passado, a vivência da atual existência e as metas
para o futuro. Seu procedimento no passado, causando a morte física de inúmeros
indivíduos, proporcionou em suas vítimas um sentimento de ódio, gerador de energias
destrutivas que atacam a zona central, residência dos pensamentos do presente. Com
isso, o espírito desce, mentalmente, para a região inferior, onde se encontram as
reminiscências do passado, que, no caso, pelo seu comportamento inferior, o faz
aproximar-se do estado evolutivo primitivo.

6.f) "Examinando essa criança sofredora como enigma sem solução, alguns médicos
insensatos da Terra se lembrarão talvez da "morte suave"; ignoram que, entre as paredes
deste lar modesto, o Médico Divino, utilizando um corpo incurável e o amor, até o
sacrifício, de um coração materno, restitui o equilíbrio a espíritos eternos, a fim de que
sobre as ruínas do passado possam irmanar-se para gloriosos destinos."

É o objetivo maior da reencarnação. Congregados os inimigos de ontem num mesmo
núcleo familiar, o sofrimento de um, aliado ao amor materno e fraternal de outros, faz
despertar em todos a necessidade de se reajustarem, superando a inimizade do passado
para, juntos, construírem um futuro melhor. Esse aspecto não é percebido pela medicina
terrena, que logo é levada a pensar na abreviação da vida física do enfermo, como forma
de minorar seu sofrimento. Mas a Medicina Divina, que é muito mais sábia utiliza-se
desse sofrimento como um remédio amargo, porém necessário à cura de todos os envolvidos
no drama.


Dúvida apresentada durante o estudo:

Calderaro informa que o espírito não retrocede em hipótese alguma, apenas as formas
de manifestação são maleáveis. No entanto, em outra colocação, ele informa que o espírito
apresentado nesse capítulo volta a viver estados primários, de comportamento sub-humano.
Se o espírito não retrocede, como poderia ele voltar a viver estados primários de comportamento sub-humano? Como seria esse voltar a viver estados primários de comportamento sub-humano?

Comentário: Na questão 118 de "O Livro dos Espíritos", os Irmãos Espirituais responderam
a Kardec que o espírito, em sua marcha evolutiva, pode permanecer estacionário, porém não
retrograda. Isso significa que as conquistas adquiridas não se perdem jamais, assim como
as imperfeições descartadas também não são novamente assimiladas pelo espírito.
No caso em estudo, Calderaro lembrou esse ensinamento, ressalvando, contudo, que
as formas de manifestação do espírito são maleáveis, ou seja, sujeita às conseqüências de
seu proceder durante a existência, por força da lei de causa e efeito. O personagem desse
caso narrado por André Luiz teve um comportamento em total desrespeito à Lei Natural,
abusando de sua autoridade numa encarnação pretérita para causar o suplício de inúmeros indivíduos.
Por força da citada lei de causa e efeito que rege o Universo, seu procedimento feriu a
harmonia cósmica que deve reinar nas ralações entre os seres, danificando seu perispírito,
que veio a absorver os efeitos dessa desarmonia causada. Em conseqüência e tendo sido
os atos praticados tão extremamente graves, os danos ocasionados em seu corpo perispiritual foram de tal monta que plasmaram um corpo físico em condições próxima aos habitados na
fase primitiva pelo princípio inteligente. Por essa razão, o Assistente qualificou seu comportamento de "sub-humano", pois fora dos padrões vigentes no reino hominal.
Entretanto, as eventuais conquistas que esse Espírito já tenha alcançado permaneceram intocáveis. Ele não as perdeu. Apenas ficaram em estado latente durante essa encarnação,
por não poderem se manifestar em virtude das deficiências do corpo físico habitado. Nesse
sentido a explicação do benfeitor Calderaro.