Missionários da Luz

020 – Adeus

"Esperava a continuidade de meus novos estudos em companhia de Alexandre; todavia, com surpresa, o meu amigo Lísias foi portador de um convite que me destinara o caritativo instrutor. Tratava-se de uma reunião de despedidas.
(...)
_ Despedidas? - perguntei
(...)
_ Sim. Alexandre, como acontece a outros orientadores da mesma posição hierárquica, de quando em quando se dirige a planos mais altos, desempenhando tarefas de sublime expressão que ainda não podemos compreender. Crei deva partir amanhã, em companhia de alguns mentores que lhe são afins, e deseja apresentar despedidas aos colaboradores e aprendizes, na próxima noite.
_ E os trabalhos da Crosta? - indaguei - não é Alexandre um dos instrutores diretos de um dos grandes grupamentos espiritistas que conhecemos?
(...)
_ Naturalmente, já foi providenciada a substituição devida, de acordo com o mérito e aproveitamento da instituição a que você se refere.
(...)
_ O que lhe posso assegurar é que o venerável orientador não nos esquecerá. Dirigindo-se a esferas mais altas, a única preocupação dele será o serviço de Jesus, com o enriquecimento de si mesmo para ser-nos mais útil.
_ Entretanto- objetei - far-nos-á muita falta...Sinto que nos deixará em meio da tarefa, quando tanto necessitamos de seu concurso valioso para o aprendizado...
(...)
_ Nada de egoísmo André! Sabemos que Alexandre se ausentará em serviço,, mas ainda mesmo que a sua excursão fosse muito longa e plenamente consagrada ao repouso recreativo, cabe a nós outros, seus devedores, a participação da alegria de seus elevados merecimentos. É necessário examinar o bem que ainda se pode fazer, vibrando de júbilo e esperança com as realizações
porvindouras, para não sermos indolentes e improdutivos; não devemos, porém, esquecer o bem que se fez ou que recebemos, a fim de não sermos ingratos. Aquela observação teve a virtude de acordar-me a consciência. Coloquei-me no equilíbrio emocional indispensável. Modifiquei a atitude íntima, reagindo contra as primeiras impressões que a notícia me causara
(...)
_ Ao demais, não podemos esquecer as obrigações que nos são próprias. O aprendizado, nos cursos diversos em que se apresenta, chega sempre a um fim, embora a sabedoria seja infinita. Precisamos demonstrar aproveitamento prático das lições recebidas. Que melhor testemunho de assimilação poderemos dar ao instrutor amigo que o de receber-lhe o campo de serviço em que a sua bondade nos iniciou , até que ele volte da provisória excursão?
(...)
Concordava, com esforço, lembrando-me das sublimes lições recebidas. Alexandre sabia fazer-se amar. Superior sem afetação, humilde sem servilismo, orientados sempre disposto, não somente a ensinar, mas também a aprender, atendia aos elevados encargos que lhe eram atribuídos, sem qualquer desvario do "eu", profundamente interessado em cumprir os desígnios do Pai e em aceitar nossa cooperação singela, aproveitando-a ...
(...)
_ Alguns colaboradores, a quem muito devo, endereçam-me apelos para que permaneça em nossa colônia de trabalho, gentileza que agradeço, comovido. Não vibra em minhas palavras qualquer prurido de personalidade, mas a estima recíproca e fiel a que nos devotamos. Urge considerar , porém, meus amigos, que este servo humilde não deve absorver o lugar que Jesus deve ocupar em
suas vidas. É muito difícil descobrir o amor sem jaça e a ele nos entregarmos sem reservas. E porque essa dificuldade é flagrante em todos os caminhos de nossa evolução. Quase sempre incidimos no velho erro da idolatria. (...) Mas não posso ver fugir a oportunidade de sérias reflexões em torno do problema dos laços sagrados que nos unem, sem algemar-nos uns aos outros. Nossa estrada de aperfeiçoamento, bem como a senda de progresso da Humanidade terrestre, em geral, têm sido tortuoso caminho no qual pisamos
sobre os ídolos quebrados. Sucedem-se nossas reencarnações e as civilizações repetem o curso de longas espirais de recapitulação, porque temos sido invigilantes quanto aos caminhos retos.
(...)
_ Temos criado muitos deuses à parte - continuou o instrutor, comovido -, para destruí-los, muita vez, em profundo desespero do coração, quando a realidade nos dilata a visão, ante o horizonte infinito da vida. Na procura do conforto individual, em face de problemas graves de nossa vida, raramente encontramos com todas as forças de que somos capazes, para adiar indefinidamente a açãoimprescindível da corrigenda ou do resgate. Virá, porém, o dia da restauração da verdade, o momento de nosso testemunho
pessoal.
(...)
_ É por isso.... Fujamos ao condenável sistema de adoração recíproca, em que a falsa ternura opera a cegueira do sentimento. Respeitemo-nos mutuamente, na qualidade de irmãos congregados para a mesma obra do bem e da verdade, mas combatamos a idolatria; bem - queiramos-nos uns aos outros, como Jesus nos amou; todavia, cooperemos contra a insuflação do exclusivismo
destruidor. Somos depositários de grandes lições da vida superior. Pô-las em prática, estendendo mãos amigas aos nossos semelhantes, é o nosso objetivo fundamental. Cada um de vocês tem obrigações em separado, nos setores diferentes da atividade espiritual. ... O campo de trabalho é vastíssimo.
Experimentem nele o que aprenderam, despertando as consciências que dormem ao longo do caminho. O aprendizado fornece-nos conhecimento. A vida oferece-nos a prática. Unamos a sabedoria com o amor, na atividade de cada dia, e descobriremos a divindade que aplpita dentro de nós, glorificando a Terra que aguarda nosso concurso eficiente, pelo equilíbrio e compreensão. ... Só as vítimas voluntárias da idolatria convertem a ausência num vácuo. Não, meus amigos, não alimentemos qualquer processo doloroso de saudade sem otimismo e sem esperança. Imenso futuro de realizações sublimes com o Pai espera cada um de nós. Edifiquemo-nos, aceitando as experiências construtivas que nos convocam o esforço à possibilidade maior. Estimo profundamente a consolação individual, mas, acima de nosso conforto, devemos procurar a libertação com o Cristo.
(...)
_ Devemos ao Cristo-Jesus todas as graças! Ele é o Divino Intermediário entre o Pai e nós outros. Saibamos agradecer ao Mestre as bênçãos, as lições, as tarefas. O espírito de gratidão ao Senhor alegra a vida e valoriza o trabalho dos servos fiéis! ...

Questões para estudo:

1) A todo trabalho, cujo instrutor necessita se desligar , há a providencia de um substituto?

2) Já aprendemos a, conforme diz :Lísias "cabe a nós outros, seus devedores, a participação da alegria de seus elevados merecimentos." ?

3) Como entendemos e como devemos aproveitar esse ensinamento dado por André Luiz: "Alexandre sabia fazer-se amar. Superior sem afetação, humilde sem servilismo, orientados sempre disposto, não somente a ensinar, mas também a aprender, atendia aos elevados encargos que lhe eram atribuídos, sem qualquer desvario do "eu", profundamente interessado em cumprir os desígnios do Pai e em aceitar nossa cooperação singela, aproveitando-a ..."?

4) Como entendermos e aproveitarmos esse ensinamento de Alexandre: "Urge considerar , porém, meus amigos, que este servo humilde não deve absorver o lugar que Jesus deve ocupar em suas vidas. É muito difícil descobrir o amor sem jaça e a ele nos entregarmos sem reservas. E porque essa dificuldade é flagrante em todos os caminhos de nossa evolução. Quase sempre incidimos no velho erro da idolatria. "?

5) O que podemos compreender e aprender do ensinamento de Alexandre: "O aprendizado fornece-nos conhecimento. A vida oferece-nos a prática. Unamos a sabedoria com o amor, na atividade de cada dia, e descobriremos a divindade que palpita dentro de nós,"" ?

Sugestão bibliográfica:

ESE - caps. I - II - III (P.e.)
LE - caps I - IV (parte segunda) ; caps I - II - VIII - XII (parte terceira)
Livro da Esperança - Francisco Cândido Xavier por Emmanuel
Estudos Espíritas - Divaldo P. Franco por Joanna de Ângelis

Conclusão

Estamos terminando o estudo do livro "Missionários da Luz". Estudamos vários assuntos abrangidos pela Doutrina Espírita, como reencarnação, obsessão, passe, deficiências, epífise, perispírito, dentre outros. Nesse último capítulo, após o relato de suas experiências em serviço de socorro espiritual, André Luiz nos relata uma reunião que serviu de despedida do instrutor Alexandre, que o acompanhou em todas as tarefas e que iria desempenhar nova missão. Vamos à conclusão do estudo:

Questões propostas para estudo e debate:

1 - A todo trabalho cujo instrutor necessita se desligar, há a providência de um substituto?

Colocação posta durante o estudo: Se há um instrutor, há aprendizes que necessitam de orientações. Assim, nada mais justo do que sua substituição por um outro com as mesmas qualidades.

Comentário: No mundo espiritual, tudo é muito organizado e harmonioso. Notadamente quando se trata do trabalho no bem. Se o trabalho tiver que continuar e sendo o seu instrutor designado para uma nova tarefa, a espiritualidade superior não deixará o trabalho ser interrompido por esse motivo. Um espírito do mesmo nível deverá ser indicado em sua substituição.

2 - Já aprendemos a, conforme diz Lísias: cabe a nós outros, seus devedores, a participação da alegria de seus elevados merecimentos?

Colocação posta durante o estudo: Somos seres extremamente carentes. Carentes de nós mesmos. Carentes de maior emprenho em nossa luta pessoal na aquisição de valores e sentimentos mais nobres. Por isso, o egoísmo, a ingratidão e até mesmo a inveja, são sentimentos inferiores que, infelizmente, ainda rondam nossos corações.

Comentário: Infelizmente, ainda estamos longe dessa compreensão. Sendo o egoísmo e a ingratidão características dos espíritos ora encarnados na Terra, a tendência, em situação semelhante, é de preocupar-nos conosco, saber como ficaríamos com a aludida ausência. Provavelmente, poucos se alegrariam com o progresso daquele que os ajudou, preocupando-se, apenas, com si mesmos.

3 - Como entendermos e como devemos aproveitar esse ensinamento dado por André Luiz: "Alexandre sabia fazer-se amar. Superior sem afetação, humilde sem servilismo, orientador sempre disposto, não somente a ensinar, mas também a aprender, atendia
aos elevados encargos que lhe eram atribuídos, sem qualquer desvario do "eu", profundamente interessado em cumprir os desígnios do Pai e em aceitar nossa cooperação singela, aproveitando-a ..."?

Colocação posta durante o estudo: Sem dúvida que essa é a descrição de um verdadeiro servo de Deus com seus atributos.

Comentário: São os requisitos típicos de um espírito de elevada evolução. Que coloca o serviço a Jesus acima de qualquer interesse de ordem pessoal. É um exemplo de humildade que devemos procurar seguir. Uma demonstração de como deve proceder o servidor do bem, seguindo a orientação do Cristo - "não saiba a vossa mão esquerda o que dê a vossa mão direita". Fazer o bem sem ostentação.


4 - Como entendermos e aproveitarmos esse ensinamento de Alexandre: "Urge considerar, porém, meus amigos, que este servo humilde não deve absorver o lugar que Jesus deve ocupar em suas vidas. É muito difícil descobrir o amor sem jaça e a ele nos entregarmos sem reservas. E porque essa dificuldade é flagrante em todos os caminhos de nossa evolução. Quase sempre incidimos no velho erro da idolatria"?

Colocação posta durante o estudo: O Instrutor fala do Amor puro e pleno, sem as manhas do egoísmo, da posse, do preconceito. Fala da humanidade que só os corações realmente fiéis aos desígnios de Deus podem exemplificar, sem que apresentem o vício da egolatria oculta.

Comentário: É a lição de que o trabalho no bem deve ser feito com o amor sincero, sem pretensão outra senão a de servir. Sem cobiçar o lugar de seu superior. Porém, ainda temos muita dificuldade de agirmos dessa maneira. Nosso orgulho, nossa vaidade, nosso egoísmo, ainda nos levam a agirmos interessadamente, cada um procurando valorizar o seu trabalho, incapazes de executá-lo sem aparecer.


5 - O que podemos compreender e aprender do ensinamento de Alexandre: "O aprendizado fornece-nos conhecimento. A vida oferece-nos a prática. Unamos a sabedoria com o amor, na atividade de cada dia, e descobriremos a divindade que palpita dentro de nós"?

Colocação posta durante o estudo: É-nos ensinado que estamos no educandário da vida. A chance do aprendizado nos é dada, através das lições enviadas pelos bons espíritos. Cabe a nós, no curso de nossas vidas, colocar em prática esses ensinamentos. Dia a dia, treinando novos valores, iremos desabrochando o ser devido que habita em todos nós.

Comentário: Podemos entender esse ensinamento como uma fórmula de encontrarmos o Deus que existe latente dentro de nós e que, por vezes, o esquecemos. Não basta a sabedoria; sem o amor ela nada aproveita para a conquista do reino do céu. São as duas asas da evolução: a intelectual e a moral. Ambas devem caminhar paralelamente, embora saibamos que a evolução moral é mais difícil de ser conquistada.